quarta-feira, janeiro 18, 2017

Batidas

Eu perco o trono
mas não perco o sono
percussiono minha vida 
com batidas certeiras
não batidas policiais
ou batidas de carteiras
nem batidas de banana
ou outras frutas da feira
fazendo rimas originais
e outras tidas como batidas.
Ásperas como corais
que esfolam peles destemidas
me preguntam “de onde vem
estas coisas que tu diz?”
“são todas da mesma matriz”
lhes respondo calmamente
la as batidas nunca cessam
me oferecem o compasso
que é por onde encontro espaço
e escrevo sem ter pressa

sábado, setembro 19, 2015

Em Suma, Assuma.

Não cansava de apreciar a sua própria genialidade
De estimar sua auto estima Bastava-se em seu egocentrismo e realmente não servia a ninguém que não fosse ele mesmo. Um autônomo em sua covardia. Era o filho da amante, que nascera do amor e, por conta disso, nasceu em meio ao ódio. O ódio ao amor é a inveja Que resulta em vingança injusta Num determinado momento levantou-se da cadeira, olhou em volta E a plenos pulmões disse o seguinte: No momento certo escrevam: "Passei e deixei meu registro" Nunca deixará de existir uma onda. Nunca haverá uma onda igual. Vi bons jogadores mas nunca um juiz com barba O que faz toda a diferença No momento de ter seus pais respeitados Aquele que não segue escolas e cria um estilo próprio, vira uma escola E ao morrer é o que não quis Um dito É a forma que foi dito Não importa o que foi dito O desespero impulsiona, rumo ao desconhecido. A novidade é o bônus dos desesperados. O ciúmes separa casais que se amam, logo, não há nada mais cruel que o ciúmes: Multiplicador de lutos, é o que, em verdade, ele é. O problema não é esquecer Mas lembrar da forma errada. Nações padeceram Graças forma errada de lembrar das coisas Mas pessoas que não tem memória Sempre acreditam na forma errada de lembrar das coisas Quando finalmente fores sincero te dirão louco e te seguirão Ao te seguir esperarão pela tua sinceridade que já não será mais viável e enlouquecer-te-ão Digam o que quiserem A respeito de minha credibilidade Vos afirmo, contudo, que o que lhes disse é a verdade.

sexta-feira, setembro 26, 2014

Um Rap para a minha distante família


A batalha é necessária, parceiro, tu pode crê!
Não sou dono de funerária pra esperar alguém morrer pra ter
dinheiro que nem herdeiro de
bacana. Do meu pai só vai sobrar pra mim
Uns grafites apagados lá na Benjamin
Que como barras de ouro valem mais do que dim dim
Não to colhendo os louros, mas ta bom assim
Preocupado com a memória que o Pedro vai ter de mim
eu sigo escrevendo histórias como os irmãos Grimm
Pelas cantigas de ninar, minha mãe, vou agradecer
ando usando elas hoje pro meu filho adormecer
Mas não minto que no triste dia que tu falecer
Vou levar pra minha casa aquela pilha de L.P

Amo-os

quinta-feira, setembro 04, 2014

Não deu pra ser Deus

Recebi poderes sobrenaturais e por um momento eu era Deus, acho que não era um deus do bem, mas era um deus bem comum, pois, a quem estava naquela sala lancei a proposta de conversão: "110 ou 120"? Eu era um proselitista de mim mesmo. Meus olhos vidrados projetavam na parede estranhos símbolos onde predominava a cor vermelha, todos estavam assustados com aquilo embora permanecessem, curiosos, para ver no que iria dar. Uma mulher deixou seus 120: a gaveta abriu-se abruptamente sugando para dentro de si  110 e devolveu 10 reais que voaram para cima esticados e enrijecidos por aquela estranha energia, caindo depois leve e flacidamente na mão da mulher.  Meu colega me olhava em reprovação. De repente me levantei, algo dera errado. Perguntei à mulher se fiz algo que não devia e ela balançou sua cabeça para cima e para baixo num gesto longo e lento, ela não estava muito melhor que eu, fora convertida por um Deus que lhe perguntava o que fazer, ninguém precisa de um Deus sem certeza... de repente a energia foi perdendo a força e eu me senti pesado, pesado e líquido, eu estava derretendo como chumbo, e tudo ficou cinza, cinza chumbo. A tela de um pequeno netbook era a única coisa que brilhava em cores e começava a me atrair para dentro dela. Não! eu gritava, em vão... tentei correr para abraçar meu colega e minha única seguidora para pedir perdão, pedi para que contassem aquilo para outras pessoas. Era tarde. Minha voz já não saía e eu não era mais matéria, podia ver e não podia ser visto. Nenhuma selfie de despedida. Se pudesse voltar no tempo, jamais teria sido Deus.  

quarta-feira, novembro 13, 2013

A miséria e os miseráveis

É preciso relaxar, é preciso ter calma, é preciso ter segurança, é preciso ter.

Há pessoas lhe apressando;  há pessoas impacientes nas filas: “saque logo essa grana” é o que pensam; há mulheres confusas e há pessoas em todos os lugares.

Havia um mundo para ser revolucionado, é necessário cuidar de si.

Havia uma essência, a ciência a ruiu.

Há pessoas egoístas. Passam velozes em belos carros mirando uma poça d’água apenas para te dar um banho e rir. Só uma revolução.

A miséria é um conceito amplo.

A miséria não é mais a mesma.

Diria ainda, a miséria não é tão mísera assim

A miséria rendeu um Pulitzer: belas fotos de miséria.

Rendeu mestrados e doutorados, viagem pra Europa pra falar da miséria.

ONG’s, filmes, músicas, partidos políticos, programas especializados.
Há uma indústria da miséria.

A miséria decora a boate chique, está na moda.
"Você 'heim' miséria", quantas facetas.

A miséria é sustentável, o consumo é que não é.

A Miséria da Filosofia, A Filosofia da Miséria.

A miséria alimenta várias bocas, tem braços longos, sempre cabe mais um.

Quem sabe os miseráveis, um dia, ganhem uma fatia daquilo a miséria rende,

Mas vai que a miséria acabe?

Então do que viveriam aqueles que vivem dela?

Um inocente diria que ela não serve ao sistema, que a miséria nada consome. 
Mas há quem consuma a miséria, os miseráveis são outra coisa.

Queriam a miséria sem os miseráveis.

O capitalismo sem os explorados.

Filhas virgens sem namorados que fizessem só filhos homens.

quarta-feira, julho 10, 2013

O Leão de Judiá!

Não to nem aí se tu me acha um vagabundo
Nem pro segundo milagre de João Paulo segundo
Nem ele, nem eu, nem tu somos santos
No entanto no fundo eu sei que esse é o carma que a gente carrega
Aceito a regra, como disse tom Zé
Mas na primeira oportunidade a gente te pega como o leão
Do imposto que tu sonegas
Ano após ano, te cravaram nas pregas do anus.
Todo ônus tem bônus, a conta vem e não adianta rezar pra Cronus
Há três meses trabalhando mais e esperando o tal do abono.
Do estado,
não fique tão apressado
Se dependesse do patrão não dava nem pra esperar sentado
Devemos estar a postos, vai que chegue cliente
Não que mude algo no saldo da conta corrente
Mostre que merece e vamos ver o que acontece.
Chega em casa e fuma um, vai ver que diminui o “stresse”
É o que dizem.
Nunca estive dormindo, nem com diagnóstico clínico de míope
Mas continuo resistindo, agnóstico e sínico como Diógenes de Sínope.

terça-feira, setembro 04, 2012

Bom Senso


Me encontro num boteco no centro de Esteio, acabo de comer um pastel feito na hora.
Desde os anos 90 não comia um pastel feito na hora.
Acho que os clientes já não podem mais esperar pelo pastéis.
Quem faz os pastéis é uma simpática senhora. Vem trazê-los pessoalmente até a mesa.
Está sorridente, vejo orgulho nos seus olhos. Tem plena confiança que gostarei dos pastéis e ela se preocupa com isso, sabe o que está fazendo e faz com gosto, pois canta e assobia ao preparar os pastéis.
Uma bela voz. Como de outras tantas mulheres que cantam atrás de fritadeiras e tanques para poucos e privilegiados clientes e vizinhos. A senhora sorri ao ver meu olhar de aprovação em relação ao pastel, e agora já pode voltar tranquila à cozinha.
Um senhor entra, me cumprimenta, mesmo sem me conhecer, deixa seu chapéu e sua bengala na mesa e pede uma cerveja e um cinzeiro. “meu deus ele vai fumar aqui” é o que penso. Já suficientemente oprimido e traumatizado pelos bares da minha cidade.
Ele finalmente acende o cigarro. Sem pressa.
E traga. Sem pressa.
Porque a pressa? Essa pressa de fumar rápido, e ficar assoprando para cima para não incomodar é que está nos matando.
Desde os anos 90 não via alguém fumar daquela maneira, com liberdade, sem culpa, sem ratos mortos estampados na carteira, sem olhares hostis, sem negatividade alguma.
NADA. Nada além dos lábios no filtro e da fumaça lançada para frente.
Prontamente peço um cinzeiro.
Estou realizado.

sábado, dezembro 31, 2011

Quase, no verão de Porto Alegre

Sim eu estava bêbado. qualquer um estaria bêbado em Porto Alegre numa sexta feira de verão as 2h da manhã...
do contrário não estaria acordado. Acordado e sóbrio? Só alguém tomando antibiótico, e quebrará as regras impostas pelo médico
as 3h, invejando a ébria e despreocupada alegria dos seus amigos, sei do que estou falando.
Mas tenho que descrevê-la. Poderia iniciar pela sua saia solta que deixava um vazio de um palmo e meio joelho acima,
um vazio que percorria com graça a sua pele glabra como um pneu slick. A sua saia estava na posição exata que faz a divisa entre o sensual e o vulgar
Quando uma saia está na posição sensual, você diz algo com sensibilidade, coberto de um respeito cheio de segundas intenções...
Na posição vulgar você diz algo em tom desrespeitoso sem o mínimo cuidado.
Mas quando a saia está nessa posição, nessa gloriosa fronteira, você não diz nada, não se diz nada diante do que é santo.
você fica perplexo perante aquela indefinição, não está preparado para aquilo, e numa próxima vez tampouco estará
as vezes o vento fazia força e a deixava na posição vulgar, mas tempo insuficiente para torná-la vulgar, infelizmente.
seu andar assemelhava-se ao de uma garça pisando com cuidado para não espantar os peixes ou afundar no mangue. E de fato estava certa na sua discrição, pois já chamava atenção o suficiente com seus saltos altos e finos como um hashi.
Os seus olhos formavam um contraste praia-oceano com seu rosto, e ela me olhou. Me olhou fazendo a sua franja repousar lentamente sobre os olhos que me olhavam num tom selvagemente desafiador, quase hostil, piscou-os e os redirecionou para o seu destino, que não era eu.  
algo dizia que eu devia agir, tomar uma atitude como os caras fazem. Mas por onde começar? Começar o que? Ela está indo embora seu otário!
Vai deixar a única mulher interessante remanescente do verão de Porto Alegre passar incólume? É claro que não!
Num impulso desengonçado pela embriagues saltei da cadeira do bar, ela passou rapidamente pela minha frente e cumprimentei um taxista desconhecido pra disfarçar a péssima investida. Meus amigos que já nem notavam a minha presença pois eu tinha saído da conversa há mais de meia hora, pararam de falar por um
instante e me olharam num meio sorriso, já acostumados aos meus absurdos. Retomaram a pauta.
Decidi que deveria seguir aquela mulher, mas como não parecer um psicopata ou algo do gênero? É difícil para uma mulher que está sendo
seguida, pensar nas boas insenções de um homem desconhecido andando em zigue-zague. desisti. E a noite seguiu o seu curso normal, talvez as coisas estejam melhor em Torres ou em Garopaba.

quarta-feira, outubro 05, 2011

O cão

Passo naquela rua todos os dias, e sempre eles estão lá
três cães que me fazem festa sempre que passo naquela rua
é uma rua vazia: terrenos baldios, mendigos ocupando
e uma bela e novíssima concessionária de um azul que da vontade de ter carro
passo ali pois é caminho do meu trabalho
um dia senti falta de um dos cães,
passaram 5 dias e um cheiro forte emanava dos fundos da concessionária
era o cão que estava cravado na grade
fiquei imaginando quem seria o homem capaz de fazer aquilo
especulação idiota, pois são tantos...
o fato é que ninguém da concessionária atinou tirar o animal dali
e eu fui avisar, falei com um rapaz todo engomado aspirante a yuppie
que me disse: pois é, ja me avisaram...
pensei: já avisaram...
me veio toda aquela coisa de ação direta, Anarquia, molotovs explodindo carros e yuppies também
mas eu precisava almoçar, fui escravo da sobre-coxa lassa que me aguardava em casa e abandonei Bakunin

e o cheiro está cada vez pior. Acompanho dia após dia o processo de putrefação do cão
cada dia menor e com formas mais...mais...cubistas. Seu focinho está apenas com os dentes de cima
e se vê um belo verme que lhe percorre o que resta das vísceras
Há uma grande festa acontecendo ali. É no corpo de um cão que a alteridade se torna concreta
irônico, cães sempre são melhores...talvez por isso que Diógenes de Sínope era chamado de "o cão" pois era o melhor.
perdi a esperança de alguém o tirar de lá...
eu o tiraria se fosse por ele.
o fato é que por causa desse cão penso na morte toda a manhã
mas isso não é mal. O pior é pensar na morte à noite, sempre foi.
O que mais pode sugerir a morte como pensamento do que ela mesma?
Tenho esperança agora de ver como acontece o processo de fossilização...
meu agnosticismo me permite não duvidar de nada...
E me permite ser um covarde excêntrico
E me permite ser evasivo quando perco a razão
Ó sim posso ser imparcial. Que piada.
Ser imparcial é tentar ficar em cima de um muro fictício.

quarta-feira, setembro 21, 2011

Esperança

É um decote mal calculado

Uma saia leve no vento

É insistir em apalpar o latão de Skol sempre quente no Bourbon Ipiranga

São as teorias da educação

É voltar sentado no ônibus depois do trabalho

A esperança estava aqui agora mesmo

Vi esperança nos teus olhos ontem e foi bom.

Esperança é acreditar no que não acontece, é como a fé. Fé e esperança, uma não existe sem a outra...
É por esse motivo que os ateus quando não são os piores são os melhores: ou são criaturas embalsamadas num véu de amargura; ou são os mais vivos, sempre a produzir alguma coisa...tem uma noção de que só morrerão quando forem esquecidos. Serão imortais enquanto os vivos os citarem lembrando de seus grandes feitos.

Esperança é um farelo de pão que cai da mão de um soldado brasileiro no Haiti

Não tem nada a ver com o "Criança Esperança"

Coitadas das crianças. Depositam-lhes todo o peso do mundo dizendo que elas que são a esperança 

Esperança tem a ver com espera, é uma banalização da espera...

segunda-feira, maio 23, 2011

"Pormenores"

Transito no vão estreito que existe entre o artista e o arteiro, lugar que costumo chamar "Estreito dos Mentirosos". Brinco nessa fissura que se abriu, e vou de um lado para o outro como um bêbado que tenta andar sobre a faixa.


Despenco no abismo que há entre o gênio e o idiota, "o Penhasco da Mediocridade". De lá, por vezes vejo o mundo do alto com a palma sobre a testa, por outras me esborracho no chão da vulgaridade, me choco contra a realidade que me choca. É sobre ela que falo, mas não me sinto sobre ela.

Não mais.

Um operário que deixa a fábrica para estudar e falar pelos operários deixa de ser um operário e já não pode falar por eles, mas quem nunca foi um operário nem deveria tocar no assunto.

Estou flutuando sobre o nada... Pairo rente ao chão, flutuo entre homens e mulheres, que não me percebem. Mas no fundo sabem que sempre estive ali, mesmo que não se pudessem levar a expressão ao pé da letra.

Estou inebriado pelas informações que emitem. Tento absorver apenas o necessário, depuro a palavra, destilo ao meu paladar. Gosto de coisas fortes e contundentes, não me apego aos pormenores, vou montando as estruturas num plano concreto,

No entanto os pormenores somos nós.

quinta-feira, maio 05, 2011

A CIDADE E O TEMPO

Na cidade não. Não é possível na cidade.
Não posso aceitar que alguém da cidade tenha a solução.
Alguém da cidade pensa como alguém da cidade, a cidade é o problema.
Na cidade sujeitos viram objetos e objetos viram sujeitos,
criam coisas magníficas mas em vez de usá-las em seu favor, viram escravos delas.
Não se produz para viver, mas se vive para produzir.
Está tudo ao contrário por la.
Quem está bem na cidade? São poucos, A maioria padece no vai-e-vem frenético, na hora absurda da cidade.
Me refiro a noção de tempo, fala-se muito em ganhá-lo ou perdê-lo na cidade.
Este produto: o tempo, é um artigo de luxo na cidade, está sempre em falta. Na lei da oferta e da procura sabemos: o que está escasso inflaciona.
Sabes aquela minoria que está bem na cidade?
Só está bem porque pode artificializar tudo aquilo que a natureza oferece gratuitamente no tempo certo.
Estes, além de tudo, tem costumes estranhos.
Por possuírem o tempo, diria, por ter o monopólio do tempo, ignoram-o completamente.
Querem sentir frio no verão e calor no inverno, querem parecer velhos quando novos e novos quando velhos, gastam inclusive grandes somas para conseguir isso.
O pior é que para conseguirem todo esse tempo, estes, usurpam todo o tempo da maioria. Empregam-nos, governam-os .
Os que empregam dizem que lhe dão o sustento, que o dinheiro vale mais do que tempo.
Os políticos dizem representar aqueles que não tem tempo.
Mas como alguém que tem tempo pode fazer bem àqueles que não tem tempo? Se roubam-lhes o que tem de mais precioso?
É absurdo como na cidade se fala muito em aproveitar o tempo livre. Mas o que fazem com o tempo além de estarem presos?
Pois suponho que o contrário de tempo-livre seria tempo-preso. As pessoas da cidade estão sempre com tempo-preso. Estão a erguer impérios alheios e a realizar os sonhos dos outros dentro de fábricas, lojas, estacionamentos, bordéis...
Tudo para fazer mais bem, aos que estão bem na cidade.
Gastam todo o seu tempo, encarceram-no, para da-lo àqueles que não sabem o que fazer com ele.
É por essas e por outras que te afirmo filho: não pode ser alguém da cidade.

segunda-feira, abril 25, 2011

Últimos Agradecimentos de um Contemporâneo

À Maconha: por me tirar a vontade
À Cocaína por me tirar a felicidade
À Ritalina por me tirar a criatividade

Ao Leopoldina: quebrada.
Pelo nariz quebrado e a facada.

À Bom Jesus: quebrada.
Podem ficar com minha alma, por vocês seqüestrada.

Às vitaminas, por não se meterem nisso.
À estricnina, por terminar o serviço.

quinta-feira, março 31, 2011

Noite de Março de 2011...

Ao voltar da aula , ontem à noite, fiz uma rápida manutenção de minhas redes sociais e fui deitar no sofá com a pretensão de dormir.
Durmo no sofá, pois não tenho mais a quem agradar com uma cama arrumada, agora sou apenas eu, com todos os desconfortos que um homem impõe a si mesmo quando mora sozinho...
sem uma mulher, que ao mesmo tempo que inferniza sua vida, deixa você um sujeito mais próximo daquilo que chamamos de civilizado.
Regras, planejamentos, nada disso. Agora você é puro pragma.
Nem tudo é ruim, visto que desperta a curiosidade de pessoas que ficam intrigadas questionando como alguém sem emprego fixo, sem disciplina e alcóolatra sobrevive.
As mulheres te acham misterioso.
Mas as pessoas misteriosas, ao passo que atraem mais parceiras, conseguem mantê-las por pouco tempo.
Nenhum misterioso é maior que o seu próprio mistério.
Aquele papo bacana, com o passar do tempo sempre acaba perdendo para o fato de você não ter dinheiro para levá-la ao restaurante, ao motel, etc., o encanto acaba com a mesma rapidez que encantou a menina.

Mas como eu vinha dizendo, estava no sofá.
Esse é o foco.
Eu estava num estado de semi-transe quando tudo começou, mas de modo algum dormindo, ou chapado.
Estava lúcido, embora não tivesse o controle de parte do meu corpo.
Não havia ninguém ali, mas eu estava beijando alguém, não sabia quem era, tentava identificar aquela mulher que me perturbara o sono, aliás torcendo para que fosse uma mulher.
Podia sentir o seus lábios entre os meus lábios, e era bom.
Mas a sensação de prazer ia sendo subtituída por um medo terrível na medida que eu tentava me mexer e o corpo não respondia. Ainda assim eu tentava explorar aquele momento, foi quando pude vê-la melhor e era apenas um vulto vermelho e preto.
Apavorado tentei expulsá-la, mas sua força era muito maior. eu estava no mundo dela e não o contrário.
Nesse interim, movi minha cabeça para trás e pude ver minha gata, ela estava vendo a agonia pela qual eu estava passando mas não se movia, estava estática e seu olhar fixo em algo que estava acima de mim não em mim...tive medo da minha gata.
Foi então que direcionei minha força para voltar para dentro de meu corpo, notei que não estava mais dentro dele, não por inteiro,
A mulher continuava ali. Parece que não se conformava com a minha rejeição, abraçava-me contra o seu corpo sombrio e me olhava com seu rosto sem olhos, consegui voltar para meu corpo e então tive a pior de todas as sensações: senti que estava sendo brutalmente puxado para fora do sofá, fortes fisgadas no tendão, os dedos dos pés encolhidos pareciam as garras de um urso.
Nos raros momentos em que conseguia algum movimento, este era apenas com o tronco. brusco, aos solavancos e completamente inútil.
Minha gata saiu correndo.
Bravamente me desvencilhei daquela mulher indesejável que sumiu em meio as trevas da sala, eu ,quem diria: acendi uma vela para Oxum, uma estátua, um símbolo, não consegui fugir do óbvio, do medo, do fantástico, do sobrenatural,

Espero não tornar a ver da mulher de rosto flamenguista.

quarta-feira, março 16, 2011

Relacionamento Moderno

Prefiro me relacionar com um livro de poesias.

Pois ao contrário dos longos romances e dos densos livros de história, que necessitam ser namorados. Com os livros de poesia podemos apenas “ficar” de vez em quando.

terça-feira, fevereiro 08, 2011

Mito do Bom Selvagem ou Antes de Sartre

Dedicada à amiga Sara Guerra, que não acredita nas essências mas entenderá a essência dessa humilde poesia.

Mito do Bom Selvagem ou Antes de Sartre (2007, após o Encontro Regional dos Estudantes de História em Lajeado)

Acho que estamos ligados um a um, sem a necessidade do ancestral comum.
Andávamos de mãos dadas há muitos anos atrás até que alguém deixou de fazer o bem e deu pra trás, sem a necessidade do Satanás.
Acho que perdemos nossa essência acreditando cegamente na ciência, que tantas vezes provou verdades através de mentiras por conveniência.
E o que há pouco tempo era uma verdade absoluta, hoje não passa de uma mentira fajuta.
Perdemos a nossa essência quando o primeiro desgraçado se achou mais branco ou mais preto, e se achou melhor por isso, e nisso, achou uma razão de viver e matar.
Algumas identidades tornaram-se mortais.
Hoje não sei se evoluímos ou simplesmente perdemos a nossa essência.
Não sei se construímos ou destruímos nossa residência.
Pois temos um planeta em comum, já disse, estamos ligados uma a um.
Mesmo contra a vontade de alguns, contra a infeliz vontade de muitos.
Perdemos a nossa essência transformando nosso paraíso em penitência.
Hoje nos debatemos por um quadrado de cimento e almejamos o enriquecimento, que não acontece sem no mínimo dez empobrecimentos.
Mas nada disso seria preciso se não tivéssemos perdido a nossa essência, se mesmo adultos continuássemos crianças na nossa descomplicada existência.
Se continuássemos desfrutando dos imensuráveis campos, sem cercá-los, sem depredá-los, é necessário saber fruir.
Hoje muitos debatem soluções possíveis para o fim da violência.
Debatem, debatem...
Altercam!!
Tanto! Que existe uma verdadeira guerra para saber quem vai nos mostrar o caminho da paz.
Perdemos a nossa essência, quando tornamos impossível a nossa convivência,
Quando fizemos da nossa diferença algo detestável e do ódio o único fator estável,
Fizemos da alteridade a saudade da identidade. Sim, tentamos transformar a alteridade em nós mesmos, para isso foi preciso destruir o diferente, humilha-lo, escraviza-lo, encarcera-lo.
Destruímos o nosso mundo na velocidade do eclipse,
Sem a necessidade do apocalipse.
Nossas traições e beijos malditos levaram muitos à morte,
Sem a necessidade de Judas Escariotes.
O que faremos? Já que não fizemos!
O que seremos? Visto que não fomos?
O que sentiremos em nosso leito de morte?
Se bem antes da carne o nosso espírito já está putrefato!
Se o preconceito é o nojo do contato!
E sem contato nada vale a pena...
Que saudade da infância...
Que naquela época ninguém morria.
Que eu mesmo me pensava imortal.
Que tinha vó, tinha bisavó, a família era grande naquela época.
Que nada tinha maldade naquela época,
Que foi naquela época: a melhor época.
Que o jogo era amigável,
Que a disputa era saudável,
Que o jogo da velha ainda era novo.
Que eu não via no churrasco um boi morto.
O mais triste é saber que nada era somente belo, agradável e justo,
E que a inocência da infância me cegara para não enxergar a podridão das coisas.
A gente se corrompe em uma curta vida tal qual o mundo em milhões de anos.
Eu também perdi a minha essência quando perdi minha espontaneidade,
E agora penso mil vezes antes de falar e não falo.
Nesse exato momento, falo porque escrevi.
Agora meu pensamento apóia-se no sentimento de não enquadramento nos ambientes que já nem mais freqüento.
Sinto-me absolutamente só, mesmo assim costumo conversar sozinho mais do que com os outros,
E o que mais me incomoda nesse momento é a minha própria presença, gostaria por um momento conseguir parar de pensar.
Preciso acreditar em algo, ao menos voltar a acreditar em mim.
Porém, não quero platéias vaidosas cheias de embasamento teórico e vazias de criatividade, cheias de citações alheias e usando cérebros alheios e inclusive imitando os gestos alheios.
Tampouco populares focando-se em meus defeitos.
Se for assim prefiro versar aos cômoros de areia, que são perfeitos e nem por isso me julgam. Que continuam os mesmos em sua essência, apesar da volatilidade das suas formas.
Porém prefiro a crítica ao falso elogio, de alguém que enquanto eu falava me enxovalhava em seus cochichos,
Na maldita hora em que abri a minha boca,
Na maldita hora que usei a parte mais polêmica do meu corpo.
Ela que é a causadora de todos os antagonismos.
Ela que dá aos pobres, o convite para a miséria.
Ela que explicita o amor e o ódio,
Que ajuda a tragar o veneno da fumaça,
Ela que é indispensável para a trapaça.
Que beija bocas vivas e testas mortas.
Que serve para chegadas e adeuses.
Ela, que mesmo bela e macia, esconde os dentes da antropofagia.
Que oculta os dentes da raiva e retém a saliva.
Que ajuda a fingir que gosta.
Ela que não me deixa fugir ao tema.
Por causa dela que perdi minha essência.
Por usá-la de mais e de menos...

Kauê Catalfamo - 2007

segunda-feira, janeiro 10, 2011

A Casa no Mato

Que saudade da casa no mato.
De escutar o cantar dos pássaros na manhã agradável do mato.
Lembro que em meio à sinfonia, ficava tentando detectar cada ave que ali cantava.
Saudade de ouvir minha mãe falando sem parar com sua energia incontrolável na casa no mato.
Saudade dos inúmeros cães e gatos que convivem tranquilamente na casa do mato.
Saudades de ler a noite ouvindo o cantar dos sapos na casa no mato.
Das flores, das frutas, dos peixes, do fogão a lenha e a churrasqueira de tijolos improvisada cheia de amigos em volta.
Saudades do vento fresco, da terra nova, da areia, das fotos na parede, da bagunça, da arquitetura assimétrica, dos livros antigos, dos móveis, dos brinquedos velhos da minha infância, saudade da minha família unida, do meu irmão dormindo.
Saudade do barulho dos passos no chão de madeira, da rede, das muitas janelas e portas, da minha irmã me enchendo de perguntas.
Que saudade enfim, de tudo que compunha a casa no mato.

sexta-feira, novembro 26, 2010

Com passos, compassos...(Rap)

Eu ando com passos
Mas são compassos que me movem
Assim como os abraços sinfonias me comovem
Escuto melodias e discursos se dissolvem 
A mente esvazia e problemas se resolvem 
Mas nem todos absorvem esse tipo de energia 
A arte é um prazer de uma minoria 
Não são todos que contemplam a lua vadia 
Nem todos têm paciência para a poesia 
Alguns são conduzidos pela orquestra do mercado 
Onde o que importa são papéis empilhados dentro de um cofre lacrado. 
Quem me dera
Poder acreditar em todo mundo da galera
Em cada bípede sem penas que divide essa esfera azulada 
Conectada 
por internet 
sem limite
 satélite
LCD 
Eliminando qualquer chance da gente se ver 
E sem contato não há nada 
Sem tato não há nada 
Sentado na privada
eu reflito sobre cada 
Palavra escutada ao longo da minha jornada 
Fernando Pessoa já me disse com clareza 
Que a única certeza é a certeza da incerteza 
E a certeza da incerteza também me fascina 
É como abrir uma cortina
da janela 
e através dela 
ver que são várias veredas cheias de neblina 
Pra escolher sua sina 
Umas que te levam à madrugadas nas esquinas  
Inalando substâncias que liberam dopamina 
Que te deixam pra cima
Sempre no clima 
Desfilando no salão envolto de serpentina 
Mas quando o de vez em quando começa a virar rotina 
Inicia-se o processo que escurece a tua retina 
Mas são ondas sonoras que direcionam a maré 
Nelas meu espírito pega jacaré

terça-feira, novembro 23, 2010

Pré-conceito

Sábado à tarde eu estava com ela em meus braços,

Gostava dela, embora cada vez que eu a beijasse sugava um pouco do que lhe dava importância.

Então encontrei um amigo e permiti que a beijasse também.

Nunca me importei com isso. Ele também a teve consigo nos braços. Conversávamos eu e meu amigo com naturalidade e ela ia, aos poucos, perdendo a sua importância.

Meu amigo foi embora, não sem antes despedir-se dela beijando-a novamente.

Ficamos só eu e ela andando por aí de braços como os casais fazem e ela ia perdendo a sua cor bronzeada,
conforme íamos conversando ela ia ficando transparente.

Sim, eu já a estava conhecendo melhor, ela ia perdendo os rótulos ficando igual as outras.

Então sentei na calçada com ela. Já cansado dela.

Era madrugada, dormimos juntos na calçada. Eu não conseguia mais solta-la.

Até que, de forma bruta, alguns amigos me juntaram na sarjeta e arrancaram-na das minhas mãos dizendo que ela era perigosa e já havia matado muitos por aí,

Eu, cego de amor, não aceitava nada do que eles me diziam, e pedia para que me devolvessem ela para que eu lhe desse pelo menos um beijo de despedida.

Foi então que alguém, mais exaltado, jogou-a com força no chão.

E foi uma queda mortal. - Assassinos são vocês! Eu gritava.

Nunca mais pude tê-la em meus braços, nem mesmo acariciar sua pele lisa e glabra.
Jogaram minha garrafa de whisky no chão.

quarta-feira, outubro 13, 2010

Porto Alegre

"O que não tens em mares para que eu nade, tens em bares para que eu beba e esqueça disso"

Catarros lançados ao chão
Deslizam no pavimento molhado,
Lembrando cubos de gelo
Na textura de chicletes mascados.

Preto e cinza. Suas matizes alucinantes.
Teus odores merecem destaque,
Entre fragrâncias hipnotizantes
De cigarros, carros, pedras de Crack.

Suas balas perdidas tão certeiras
Parecem que foram miradas.
Furtos de carro, casas, carteiras
É o seu cotidiano na calada.

Malabaristas oferecem sua arte por um trocado
Brotando das vielas, feito salmonelas
Artistas de rua que vivem nela

Me sinto um desterrado nessa terra de aterros.
E me sentiria assim em qualquer lugar.

Quase esqueço de sua água tratada
Rica em coliformes fecais,
De pureza mais duvidosa
que suas pesquisas eleitorais.

Seus coletivos tão lotados e caros.
Seus hospitais tão lotados e raros.

Seus carnavais são quatro quartas feiras.
Cidade vazia, lembra o êxodo bíblico
E meu sonho com a praia de Cidreira
Foi interrompido por teu fim apocalíptico.

E um triste desfecho receio
Que um dia talvez por capricho,
Morramos todos em teu seio
Tragados numa voragem de lixo.

sexta-feira, setembro 17, 2010

Necrofilia

Você é com certeza a mais bela morta que eu já vi. Seus seios ainda continuam lúcidos e o seu corpo permanece fechado para mim - hermético - e agora sem as vísceras. Tive que lidar até o fim da sua vida com o fato de você ter dado para quase todos os meus amigos, menos para mim. És de fato uma linda morta, pareces tão viva quanto Lênin, banhado de formol, descansando intacto no seu mausoléu Soviético. Olhando-te assim, tenho vontade de deitar ao teu lado abraçado esperando a porta do caixão se fechar lentamente...Mas não sou tão idiota assim.

Lembrei da primeira vez que te vi. Eu andava contra o vento forte, mas estava sob a tutela do sol. Você, junto com o vento, vinha na minha direção e os tentáculos de sua saia longa  me distraíram o suficiente para que eu tropeçasse de forma ridícula na sua frente. Ainda pude observar o seu olhar desviando-se em direção ao chão e ouvir uma risada impregnada de sarcasmo quando você já ia longe, chegava a balançar os ombros.

Parecia que a qualquer instante você acordaria e saltaria do caixão, mandando os presentes tomarem nos seus respectivos cus. Em seguida certamente os conduziria até o bar mais chinelão das redondezas para comemorarmos a sua insurreição. Finalmente todos reunidos: família, amigos, desconhecidos e o coveiro, iriam te conhecer de verdade, pois agora a pouco nenhum preconceito faria sentido e o importante era justamente que você não havia morrido.

E aí sim, acredito eu, você cairia na realidade e daria para mim.

quarta-feira, setembro 15, 2010

Ontologia furada...

Skinner diz :"Você não pode impor felicidade. Você não pode em última instância, impor coisa alguma. Nós não usamos a força! Tudo que precisamos é engenharia comportamental adequada."

Eu penso: Não tenho culpa de nada: Sou aquilo que a sociedade fez de mim.

Sartre sopra: “O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.”

Eu penso: Apesar dar restrições impostas pelo ambiente, ainda assim posso escolher o que julgo ser melhor para mim. Não posso fazer um papel de vítima, pois tendo a razão ao meu lado posso...bem, Freud acaba de me questionar quanto à razão e me diz que muitas vezes ajo através da minha inconsciência.

Concluo: Sou aquilo que sempre quis ser, com uma parcela detestável daquilo que nunca quis ser.

sexta-feira, agosto 20, 2010

O Dono do Bar






Hoje é quinta

E eu bebo em um bar de quinta

Pela quinta vez essa semana.



Aí lembrei da primeira namorada

Que chorava por nada.

Depois da segunda

Que chorava de tão vagabunda.

Depois da terceira

Que chorava por qualquer besteira,

Igualzinho a primeira.



Agora acabo de pedir a quinta dose

De um Whisky barato

Que ainda é melhor que um conhaque de qualidade.

O que me deixa aliviado

É ver o dono do bar

Que está muito pior do que eu,

Além de ser mais velho e mais feio

Já é seu vigésimo sexto ano nesse bar.

Eu bebo aqui há pelo menos dois anos

Mas posso beber em outros lugares, embora eu não faça isso.

Nesses dois anos eu e o dono do bar tivemos somente um assunto:

Eu pergunto: - quanto.

Ele responde: - tanto.

Então eu vou embora

E ele vai recolher os resquícios da minha embriaguez

Notei que ele jamais limpou um cinzeiro

Apenas despeja os cigarros num lixo.



Voltei para casa pensando no dono do bar:

Sem um amigo, sem uma mulher, sem um motivo

E sem um rim.

Sei disso por que o bar ficou fechado por duas semanas

Devido à uma cirurgia que ele foi obrigado a fazer

Fico imaginando o que esses vinte e seis anos socado

Naquele boteco não lhes proporcionaram

Além de uma vida perdida.

Quantos não teve que carregar para casa?

Quantos não se conheceram no seu bar?

Quantas brigas?

Quantos fiados?

(alguns jamais pagos)

Quantos copos quebrados?

Quantos não teve que ouvir:

Amargurados, arrependidos,

Cansados da vida, do trabalho, da família.

Quantos clientes falecidos?

Talvez antigamente amigos.

Quantos assaltos?

Quanta paciência tem o dono do bar!

No entanto ninguém pensa nisso:

Ninguém lembra do dono do bar.

sexta-feira, julho 16, 2010

Rimar, Remar...

Rimar é como remar.

Ou você tem um destino,

Ou deixa o mar te levar.

Há também remadores perdidos

Que em seus barquinhos estão a pensar,

Contemplam o céu estrelado

E por descuido já estão além-mar.

Chegaram num tal estágio

Que só se pensa em voar

Não temem mais o naufrágio

Pois já são remadores do ar.

quinta-feira, julho 08, 2010

Noturno



Era como se eu não pudesse dizer nada, como se o silêncio invadisse minha mente e bloqueasse qualquer pensamento romântico.
Era como se eu me sentisse desonesto se falasse. Como se a minha integridade valesse muito mais que belas palavras.

Travei.

E minha criatividade foi embora num belo trem a vapor que flutuava somente sobre coisas mortas.
Vi aquele rosto angustiado que implorava, gritava para viver. Vi suas pernas finas como um taco de golfe e um soldado loiro rindo e não entendendo sua língua.
Consegui fitar  a menina desfrutando dos avanços científicos, coberta de Napalm.

Voltei.

E agora olhava aquela bela negra, sentia que me pertencia, sentia que de alguma forma ela era tudo pra mim e o passado era apenas livros velhos, meros registros. E agora o que interessava era apreciar o belo para que a verdade não me matasse. Era importantíssimo naquele momento que eu abstraísse tudo o que passara e nem pensasse em especular o devir. Porém, era necessário lembrar que ela se apaixonara por mim e não por esse idiota que ela quer me tornar. E também que ela continua tão bela quanto o dia em que a conheci. Tudo isso era verdade, tenho prova amanhã. Não sei, talvez devesse escrever para ela o que sinto, mas posso falar. Certamente que posso. Quando voltei a fitar seus olhos eles já estavam fechados. Dormira sem que pudesse saber de tudo. Fiquei acariciando sua pele macia e glabra por alguns instantes. Inutilmente, pois ela dormia feito uma egípcia chapada.

Nessa hora a insônia chega e sempre me da algumas idéias brilhantes, mas ninguém pode me ouvir, o mundo dorme nessa hora, quando o mundo acorda eu já não lembro dessas idéias, não se aplicam ao dia, fazem sentido somente a noite.
Ao dia, espero a noite.

sexta-feira, julho 02, 2010

O Pedreiro


Sim, fui talvez grosseiro quando não respondi perguntas do tipo: - será que hoje chove? Ou ou se mantive um silêncio arrogante perante comentários como: - acho que esquentei de mais a minha comida.


Talvez tenha evitado conhecer pessoas novas ao fazer isso mas, nada perdi apenas evitei. Afinal só se pode perder algo que se queira. Não me arrependo.

Sempre achei um saco o fato de ter que ser criterioso ao ouvir cada comentário de cada ser desse mundo, nunca nada é o que parece ser e isso é o motivo de toda a merda de burocracia que o estado formou e que por sua vez também não é nada do que parece ser...

Os papéis, as assinaturas toda essa coisa seria desnecessária se as pessoas fossem de confiança.

Todos são moralistas, absolutamente todos...até os drogados são: Um bêbado tem sempre argumentos contra um maconheiro, que os tem contra o cheirador, que lógicamente também tem contra o fumador de crack...

O fumador de Crack...esse tem um objetivo concreto. Os outros... estão todos perdidos. Se ele rouba sua bolsa, sua carteira. Você não pode questionar.

Ninguém pode questionar um homem com ideais.

quarta-feira, junho 16, 2010

Rap do Homem Bomba


Todo mundo no mundo deseja ter uma família

O caminho é um só mas são diversas as trilhas

Só que ninguém se pilha em se desligar da matilha

Tão nadando mas é reto numa prancha sem quilha

Numa lancha que nunca deslancha e se desmancha

Muito antes de chegar na ilha...

Uns atucanados com a saúde do filho, da filha

Outros preocupados com a aparência da mobília

Um que da risada mais de cem que se humilham

E quando acaba a paciência é que o trem descarrila

Então desviam mas não deixam de cair na armadilha

O indicador que dispara e o polegar que engatilha

Eu vejo mais do que tristeza no olhar que não brilha

Eu vejo um homem bomba se explodindo em Brasília

A base para enquanto nosso maestro dedilha

E as coisas vão mudar desde a queda da bastilha

Populares enforcados, reis guilhotinados

Infiéis foram queimados, em fogueiras por besteiras

Que antes eram pecado. Esquecidos no passado...

Saíram os reis e seu governo absolutista

Liberais detonam práticas mercantilistas

Revoluções burguesas de ideais iluministas

Colônias exploradas, tratadas como conquistas

Quem dera, Cabral nunca gritasse terra à vista

Quem dera, Cabral nunca gritasse terra à vista

Revoluções de esquerda de idéias marxistas

Estado totalitário fuzila oposicionistas

Alemanha nazista, Itália fascista

Políticas de estado de ambições imperialistas

Muro de Berlim cai nos pés de ativistas

Gorbachev anuncia o fim do sonho socialista

Mundo consumista faz o último gol

Maior Mac Donald´s é aberto em Moscou

Bakunin avisou, Bakunin avisou.

terça-feira, junho 08, 2010

Cigarro


Baganas amarelas tão belas,
Pousando suaves no chão.
A leveza sutil do filtro,
Seguida do odor de alcatrão.

Sois como raios urbanos,
Vagalumes artificiais.
Como projéteis traçantes,
Flamejantes e fatais

Ah, meu amigo cigarro,
Querido causador de escarros
E abstinência de nicotina.

Quando estou a fumar,
Por vezes me sinto afiar
Minha própria guilhotina.

quarta-feira, maio 26, 2010

Este é o terceiro álbum do grupo de rap A Tribe Called Quest lançado em 1993 pela Jive Records deliciem-se...
Midnight Marauders
http://www.4shared.com/file/162915985/8bd61bf/A_tribe_Called_Quest_-_Midnigh.html

O Monstro V


O monstro V


Ele precisa cagar urgentemente...

Segurou ao máximo pois não há papel higiênico...vai ter que tomar banho, seu chuveiro está queimado, faz frio e ele está bêbado.

Ele entra no seu Box quebrado e coberto de limo. Vê suas cuecas penduradas feito porcos num frigorífico e pensa no sexo que faz de vez em quando que é a única coisa que o deixa um pouco humano.

Ele sai do banho que estava sendo adiado mais que a cagada e vai à sala disposto a transar com sua mulher.

Ele olha para sua mulher feia e gorda que nem de longe lembra a mexicana gostosa que fora.

Recorda que estavam felizes quando chegaram na cidade cheios de planos. Nem faz tanto tempo. Sua mulher engordara 20 quilos e isso não o animava nem um pouco.

Ele gostava das covinhas nas costas dela, que sumiram tapados por uma manta espessa de gordura causada pela maldita conta na padaria.

Agora ele nem lembra que estava disposto a transar.

Ele não sabe porquê estão juntos. ambos tem plena consciência da própria decadência, e embora pareça improvável é o que os aproxima.

Ele odeia quando ela o compara com seus ex-namorados, e agora ela está fazendo isso, mas interrompe a frase dizendo que não vai fazer comparações. Ele explica para ela que se não vai fazer comparações, não pode ficar dizendo que não vai fazer comparações, senão já estará fazendo comparações.

Eles são necessários um ao outro.

Assim como um homem gastar mais do que tem é necessário para o lucro dos bancos.

Assim como é necessário a um pobre saber fazer bolinhos de arroz.

quinta-feira, maio 06, 2010

O Monstro IV



Ele estava mas não estava
Ele ia como quem não queria
Ele ficava por preguiça de voltar
E quando voltava ficava semanas sem aparecer

Ninguém perguntava por ele
Muitos não sabiam seu nome
Era um amigo anônimo
Ele estava na busca de algo que não sabia
O que não fazia o menor sentido

Mesmo que tentasse explicar o que estava querendo, vivia num mundo objetivo demais para entendê-lo. Ele próprio estava inseguro quanto a seus planos, se é que realmente os tinha, de qualquer forma ninguém lhe perguntava nada.

De tempos em tempos ele ressuscitava de seu sono acordado
E todos voltavam a saber seu nome
E então ele não se afastava mais por semanas como antes
E todos perguntavam por ele na sua rara ausência.
E na sua presença lhe faziam perguntas, interessados por suas idéias.
E muitas coisas não faziam sentido sem ele.
E todos passavam a saber que a sua solidão era tão intensa quanto a sua presença.

Tudo é passageiro
Tudo vai e volta
Tudo morre
Nem sempre pra sempre.

sexta-feira, abril 30, 2010

O Intermediário

“Na luta entre você e o mundo, aposte no mundo”
                           Franz Kafka
           


Tenho certeza que existe um intermediário entre eu e o mundo. E um outro entre eu e eu-mesmo.

O intermediário entre eu e o mundo representa aquilo que eu deveria ser, enquanto o intermediário entre eu e eu-mesmo é o que eu realmente sou. O primeiro é uma vozinha que só eu escuto e que fala somente comigo. O segundo é o que fala com as pessoas e tem que seguir algumas regras dependendo do interlocutor. É a voz que eu pronuncio.

As vezes tenho vontade de arrancar de mim o intermediário entre eu e eu-mesmo (pois ele me fustiga, me aponta o dedo, me faz passar mal) e colocar em seu lugar o intermediário entre eu e o mundo, que trata bem a todos. Portanto não teria motivos para fazer o contrário comigo.

As vezes ainda, tenho a impressão de que o intermediário entre eu o mundo seja apenas eu mesmo e o intermediário entre eu e eu-mesmo seja o próprio mundo.

Assim, já que o suposto intermediário entre eu e o mundo é aquilo que eu deveria ser, talvez realmente eu seja aquilo que eu deveria ser. Ao passo que o intermediário entre eu e eu-mesmo não é o que eu realmente sou , é só o mundo ditando suas regras e me enchendo o saco.

Desse modo concluo que, se eu puder escolher o que seria este ente indesejável: prefiro que ele seja o intermediário entre eu e eu-mesmo ao invés do mundo em si. Pois acredito que é muito mais fácil expulsar algo de dentro de você, do que o mundo do próprio mundo.

Kaue Catalfamo

01/12/2009

quarta-feira, abril 28, 2010

Raika

Era noite e eu passeava com minha cadela Raika. No fim do passeio, passamos por alguns mendigos que preparavam-se para dormir em uma parte coberta do páteo de um bar. Ela comprimentou a todos abanando o rabo. Tratou aqueles mendigos como trataria alguém que tem onde morar, um negro, um branco, um gay...para Raika não importa.

Raika é menos praconceituosa que qualquer ser humano desse mundo. E nunca pensou nisso.

segunda-feira, abril 26, 2010

O Monstro II

Ele está cansado
Não gosta do seu trabalho
Não gosta de trabalhar
Muito embora a concentração que seu trabalho exige, lhe poupa de tantos pensamentos angustiantes que a liberdade de pensamento proporciona a quem pensa.
A quem tem tempo para pensar.
Então ele decide ir para rua fumar um cigarro
Senta-se em um degrau e encosta numa cortina de ferro extremamente suja, devido aos anos exposta a um ambiente urbano e pútrido sem nunca ter sido lavada. Seu patrão é um relaxado. Não cuida de seus empregados tampouco do seu patrimônio, e acha que fazer os seus empregados rezarem o pai nosso depois do almoço vai criar algum espírito de solidariedade entre pessoas que se odeiam e estão no mesmo espaço apenas porque precisam do dinheiro. Além disso, acredita que com o apelo das orações vai amenizar ambiente terrivelmente pesado que ele criou atrasando os salários em mais de duas semanas.

Então, fumando, vê um senhor sentado na rua a poucos metros dele. O velho está completamente bêbado, sua aparência indica que ele vem bebendo há muitos dias, e suas ressacas o deixam cada vez mais mal humorado.
Ele começa a observar o velho que é a face da fossa, e se surpreende quando uma mulher mais nova se aproxima com sua filha a fim de carrega-lo para casa,
Ele constata que a mulher é mulher do velho e que a menina é filha do velho.
A menina dizia - “vamos pai, vamos para casa”.
Enfim, o velho levanta-se sem dizer nada
Caminha devagar com suas pernas finas e infestadas de varizes
Está doente. Provavelmente não sabe disso
A menina fala bastante com seu velho pai, uma menina de uns seis anos
O velho permanece quieto, com os olhos caídos e a boca torta
A menina fala muito, faz perguntas, ela quer ouvir o seu pai. então o velho vira-se violentamente para a menina e grita: - “Já chega!”
Então a menina se calou, a mulher se calou, e o velho continuou calado.
A família entrou em casa.
Ele assistiu toda essa cena com seu cigarro na bagana e também continuou calado, ficou triste e preocupado e pensou que parar de beber seria bom.
Depois pensou em não ter filhos.

quinta-feira, abril 22, 2010

Poesia da música Molotov (Doze Doses)

Salvador Allende No verdadeiro 11 de setembro (1973), dia do golpe de Pinochet

Estou a rasgar a vísceras da cidade
A juntar migalhas míseras de amizade
A cantar canções soníferas da antiguidade
A trabalhar em jornadas sudoríparas contra a vontade
A assistir películas ridículas para passar as tardes
De domingos típicos e santos feriados
A olhar propagandas políticas para achar engraçado
Ouvindo as palavras ofídicas desses desgraçados
Que se associaram aos militares do passado
E hoje dão medalhas honoríficas aos soldados
O AI-5 acabou mas continua o conchavo
Me digam qual general que foi condenado
A informação é restrita por isso ninguém aprende
As atrocidades na América foram muito além de Allende
Beneficiados pela lei até hoje seguem impunes
Os documentos da época lacrados até hoje os tornam imunes
Por isso não duvide que andando na rua, ao cruzar algum senhor
Você esteja a poucos metros de um torturador

A ditadura acabou?
Não pra quem foi sequestrado
Exilado!
Torturado!
As marcas do corpo ficam opacas as da mente martelam pesado
Pergunte aos familiares dos milhares de assassinados
O que fariam com os militares que disparavam em nome do estado
Os torturados, mortos e feridos...foram esquecidos
Os senhores torturadores jamais serão olvidados
Devido ao seu heroísmo, foram homenageados
Em tempos democráticos lhes reservaram um privilégio
Viraram nome de bairro
Viraram nome de prédio
Viraram nome de rua
Viraram nome de colégio
E como se não bastassem as torturas da antigas milícias
Deixaram suas práticas de herança à nossa atual polícia
Agora Democratização. Vingança? Punição? Não! Anistia!
E você continua pagando pelas suas gordas aposentadorias.

Kaue Catalfamo

segunda-feira, abril 19, 2010

O Monstro I


O monstro.

Após cinco dias ele saiu de casa.
Ficara em casa porque não gostava da rua,
Porém naquele momento gostava menos ainda da casa
(se é que alguém podia chamar aquilo de casa).
Então virou a esquina de sua rua e não encontrou ninguém que conhecesse,
Não que ele quisesse ver alguém que conhecesse,
Já que nem sabia se ainda conhecia alguém
E tinha um certo receio de não conseguir interagir,
Ainda assim não tinha certeza se não sabia mais ou não queria interagir.
Como interlocutor, há tempos que era apenas um ouvinte,
Quando muito um comentarista, nunca um narrador.
Seu magnetismo era o de um imã.
De um imã ao contrário de um imã.
Inspirava lento e expirava violento.
Seu desprezo pelo mundo tinha completa reciprocidade do mundo para com ele
E era mais ou menos isso que ele pensava, enquanto esperava o esverdear do semáforo.
Foi nesse momento que ele fitou um casal feliz passeando com seu cachorro, um belo casal ideal. Mais adiante viu uma bela criança dentro de um belo carro ao lado de um pai ideal, que fechava o vidro do carro as pressas, pois não queria as balas de goma do menino de rua que estava vendendo no semáforo. Um menino da mesma idade do seu filho, mas sem um pai ideal e numa nação injusta. Para o pai ideal, que estava ao volante, ele não era um menino ideal, ao menos não o bastante para ser ouvido. Percebeu claramente a metamorfose que se da com as balas de goma no sinal vermelho que viram balas de revólver no sinal vermelho. Junto com o menino que quer ser ouvido no sinal vermelho. Que vira um adulto que não ouve ninguém, e se faz ser ouvido a força no sinal vermelho.
Após essa rápida cena cotidiana, ele respirou fundo e sentiu uma vontade imediata de voltar para casa. Uma incontrolável fobia social.
Todavia passou na padaria para comprar um cigarro e uma cerveja, ele precisava disso mesmo que beber e fumar há tempos não fosse nenhum prazer. Era um vício, e um vício não é um prazer mas se você não o sacia ele te leva ao desespero, é um impulso de morte necessário.
Comprou um cigarro... não o seu cigarro pois este estava em falta.
Comprou uma cerveja... não era a sua cerveja e sim uma mais barata,
Já que cigarro que teve que comprar era mais caro.
Sendo assim pelo mesmo valor que ele gastaria para comprar o que queria,
Ele comprou o que não queria.
Ele estava apressado, pois o dono da padaria, um português desses com bigode grande, estava feliz com alguma coisa e não parava de falar e ele não queria ouvir.
Como um interlocutor, naquele momento, ele não era sequer um ouvinte. Pegou suas coisas e saiu correndo.
Ele corria de tudo. Corria da vida, corria da morte, tinha medo da morte, tinha tédio da vida. E se existe uma maneira de anular ambas, era o que ele vinha fazendo, magistralmente.
*****
Então ele acordou e viu que tudo fora um sonho e já era o sexto dia que estava em casa. Então, num momento inédito, ele teve um pensamento positivo. Chegou à conclusão que o seu sonho teve alguma utilidade por ter lhe dado motivos suficientes para continuar em casa.
Foi aí que, ainda deitado, olhou para o seu lado e viu no chão uma carteira de cigarro. O seu cigarro.
Caminhou lentamente até a sua geladeira, colocou sua mão na porta e a olhou como quem olha para uma bela mulher com um olhar de esperança, ao abri-la teve uma grande surpresa, lá estava a sua cerveja que suava de tão gelada com uma volúpia indescritível própria das cervejas. Abriu um meio sorriso silencioso expirando pelo nariz.
Era mesmo melhor ficar em casa.

Autor: Kaue Catalfamo
Composta em: 2008/09

terça-feira, novembro 28, 2006

Mágica trágica.

Há muito tempo que o ódio,
tem sido o primeiro no pódio
e o amor o retardatário.
Otário quem ama e se engana?
A fama do amor é ruim,
há tempos tem sido assim,
quem ama acende o estopim,
que esplode em ódio por fim.
ódio que contamina,
porém parece uma sina.
como se não fossem extremos,
o ódio do amor se aproxima.
Amar a beleza somente,
seria um ato demente,
ou pura e simplesmente,
atitude inexperiente,
conheço mulheres belas,
tão belas que digo a elas,
se tivessem por dentro a pureza,
como por fora tem a beleza,
te digo com toda a certeza,
a mulher viraria uma deusa.
Mas o que acontece na prática,
é algo com uma mágica,
a trágica conclusão,
a qual não queremos chegar,
a dona da rara beleza,
se torna mais feia que a feia,
transforma a sereia em baleia.
Se alguém ja amou-a
hoje odeia.

sábado, novembro 18, 2006

política.

Será que o Hugo Chavez é tão mau assim?
Será que Evo Moralez será nosso fim?
Será que é diferente Lula e Alckmin?
Só sei que nada muda pra você e pra mim.

Não muda nada só conversa fiada,
Dia 5 eu recebo dia 10 não tem mais nada.
nisso que se resume,política do estrume,
te roubam de cardume depois ninguém se assume.

estão cegos pro que vejo,
eu não vejo o que eles vêem.
O que vem os deixa cegos,
e o que vejo nem convém.
Quadra sem compromisso

Que nos tenhamos por meses,
Que nos tenhamos por anos.
Se nos tivermos as vezes,
Que nos tenhamos sem planos.

(dezembro de 2005)